quarta-feira, 25 de maio de 2011

“Liberdade é ir ao bar com uma devassa e perdir outra devassa”

A afirmação é da vereadora Cassandra (PT) e foi feita em plenário na segunda-feira (dia 23) durante discussão de um projeto apresentado pelo vereador Benedito Furtado (PSB) que queria proibir o fumo de cigarro e outros derivados na praia.

Cassandra, que é ex-fumante, disse que projetos como esse apenas contribuem para uma sociedade cada vez mais intolerante, além de impedirem a liberdade. Ela criticou o excesso de intromissão na vida das pessoas e definiu a proposta como fascista. “As pessoas são livres. E a praia não é de ninguém e é de todos”.

Mesmo raciocínio teve seu colega de bancada, o vereador Reinaldo Martins, dizendo que o projeto causaria segregação de pessoas por conta de seus hábitos.

A reação do autor do projeto foi dar adjetivos aos discursos dos dois parlamentares petistas. A fala de Cassandra, Furtado chamou de libertina, e a de Reinaldo, de anarquista. “Desse jeito podemos chegar a um ponto em que os libertinos têm direito a tudo e os demais não têm direito a nada”, esbravejou. O vereador ainda alegou que o que mais os legisladores fazem é se meter na vida das pessoas, já que ao criarem leis estão apenas ordenando a sociedade.

Cassandra não teve dúvidas. Primeiro expressou a “imensa alegria de chegar aos 55 anos de idade sendo chamada de libertina”. Depois, destacou que as expressões libertinagem/libertina foram utilizadas pelo vereador com a conotação do século passado, escancarando o traço do machismo. Antigamente, “cada vez que se queria ofender uma mulher chamavam ela de devassa. E hoje, devassa é o nome de uma cerveja”.

Cassandra destacou que ao ser chamada de libertina por Furtado se sentiu igualada a uma de suas maiores ídolas, a pintora mexicana Frida Kahlo (1907-1954), que “era libertária e libertina”. A vereadora ainda citou outras mulheres da história como Leila Diniz, Chiquinha Gonzaga, Rosa de Luxemburgo e Pagu, que lutaram pela liberdade.

“Para mim liberdade é um bem absoluto tão importante que quando eu faço projetos de lei, não é para impor regras e sim para garantir às pessoas o direito de ter liberdade”. Ao justificar sua tese e explicar o sentido da palavra,Cassandra voltou à cerveja. “Liberdade é chegar num bar com uma devassa e pedir outra devassa”.

Depois do embate, Furtado acabou desistindo da ideia e pediu a retirada do projeto da pauta.

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