sexta-feira, 11 de maio de 2012

Em plena era da informática, CET ainda vive como no tempo da casa grande e da senzala


Quebra de hierarquia, questão de disciplina, clima organizacional afetado e imagem da empresa manchada. Estes foram alguns dos argumentos utilizados na terça-feira (dia 8) pelo presidente da CET, Rogério Crantschaninov, durante audiência na Câmara para explicar as punições aplicadas a funcionários que fizeram críticas à companhia em redes sociais da internet. Um dos trabalhadores foi demitido por justa causa. Outros dois, suspensos. Isso depois de o caso ser submetido a uma comissão disciplinar.


Para a vereadora Cassandra, as justificativas de Crantschaninov não convenceram. Mais ainda, apontaram para uma atitude que lembrou o período da “casa grande e da senzala”, comparou fazendo referência as figuras do senhor de engenho e do capitão do mato.


A parlamentar entende que o episódio escancara o cerceamento da liberdade de expressão, “um bem sagrado para quem viveu mais de vinte anos sob as botas da ditadura”. Ponderando se tratar de assunto muito recente (a utilização de redes sociais), com o qual empresas privadas e do poder público ainda não sabem como lidar, Cassandra defendeu que na dúvida, o ideal seria construir, a partir deste caso e junto com os funcionários, alguma norma para o uso das novas ferramentas de comunicação, ao invés de optar pela punição.


Com o processo de sindicância, os procedimentos para a apuração e a decisão, “me parece que institucionalizaram a bisbilhotagem”, disse Cassandra. A vereadora ainda rebateu a ideia de que as mensagens publicadas na internet manchavam a imagem da CET. “O que mancha a imagem da empresa são as notícias de dívida, de falta de planejamento e o episódio dos pátios de veículos”.


Mesmo com as críticas da vereadora à postura da empresa, Crantschaninov defendeu a decisão da CET. No entanto, ele não soube justificar a diferença entre as punições, já que não acompanhou a apuração do caso de perto, e apenas assinou a demissão de um dos funcionários com base no relatório da comissão disciplinar.


Vale destacar que um quarto funcionário, chefe dos trabalhadores punidos, utilizou o Facebook para ameaçar todos de demissão. No entanto, foi apenas advertido verbalmente por ter usado a rede social.


Como não foi convencida por Crantschaninov, Cassandra apresentou na sessão de quinta-feira (dia 10 de maio) dois requerimentos questionando a CET sobre o tema. Ela quer saber o motivo da diferença de punições e, também, quantos funcionários foram demitidos nos últimos seis meses e as causas das demissões.

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